SEICHO NO IE DO BRASIL
FRAGMENTOS
DE MEMÓRIA DA MINHA INFÂNCIA
(Tânia
Cristina Zonta)
São Paulo
Nasci dia 11 de outubro de 1977, em São Paulo, na Vila Carrão. Minha mãe
quando estava com dois meses de gravidez, perdeu uma irmã atropelada e a partir
daí teve uma gravidez de risco. Teve de tomar remédio para que eu não nascesse
fora do tempo, estava sempre de repouso e ficava mais tempo no hospital do que
em casa. Nasci com 8 meses de gestação.
Quando eu tinha 3 anos começei a
frequentar a escola. A única coisa que lembro era de um menino na minha sala
que fazia bolinha de custe com a boca e quando ele fechava os olhos estes
tremiam e não é que era contagioso, porque quando eu fechava os meus olhos eles
teimavam em tremer também. Cruzes!
Para chegar a escola tinhamos de passar
dentro da Estação da Luz, em São Paulo e num parque onde havia um bicho
preguiça, o qual era atração dos passantes, e em outra parte deste parque
algumas pessoas davam pipocas aos pombos.
Eu com esta idade não é que lembro de
muita coisa, sei que moravamos em um apartamento que tinha um quarto, uma sala,
uma cozinha e um banheiro com banheira. A noite quando meu pai dormia e roncava
eu jurava que era o bicho papão e dava um medo terrível. Meu pai usava barba
negra e longa e ele sempre me conta que
um dia chegou em casa sem a tal barba e eu não o reconheci, ele dizia que era o
meu pai e eu respondia que não e somente com o tempo, ouvindo a voz dele foi
que me convenci que realmente era meu pai.
Neste apartamento, no quarto tinha uma
janela sem grades que dava de frente para um telhado comprido e um belo dia eu
vi um passarinho e adivinha o que eu fiz? Pois é, pulei a janela e fui em
direção do passarinho, queria pegá-lo, e quando de repente ouvi vozes que me
gritavam dizendo para ficar parada e não me mexer, fiquei assustada. Tinha uma
obra ao lado deste prédio onde alguns pedreiros me viram e me chamaram a atenção
porque as telhas poderiam quebrar e eu poderia cair, só me recordo de eu olhar
para trás em direção a janela do quarto e minha mãe que me chamava, não sei o
que aconteceu depois se eu voltei sozinha, ou se minha mãe me buscou ou ainda
pior se ela me bateu porque eu tinha feito aquilo.
Ah, o telefone. Meus pais alugaram um
telefone e eu o adorava, não sei porque talvez sentia-me importante porque tinha
um em casa, só sei que um dia a dona do telefone veio busca-lo e eu chorei
porque não queria que isso acontecesse e meus pais tentaram me explicar que o
telefone era emprestado, mas eu não me importava, eu o queria. Criança tem cada
coisa, cada ideia!
Gostava de ir à casa das minhas avós,
elas sempre faziam o que queríamos ou se não uma coisa diversa, digo diversa
porque minha avó por parte de mãe quando eu não queria comer ela pegava o arroz
cozido e fazia uns bolinhos com a mão e assim eu comia, ela dizia que era os
capitães. Já a minha avó por parte de pai lembro de uma vez que ela me deu café
e depois eu pedi um copo com água, pedi novamente café e novamente o copo com água,
sei que repeti isso varias vezes e ela continuava a fazer. Esta ultima avó foi
quem me ensinou a rezar o Pai Nosso e a Ave Maria, ela estava sempre rezando e
ensinava todos os netos a rezar também.
Todas as vezes que íamos na casa dela tinha um vela acesa dentro de um copinho perto de uma foto
do meu pai quando estava no exército, para o anjo da guarda dele, é este anjo da
guarda teve muito trabalho, não teve muito sossego, pois deveria cuidar do meu
pai que era muito festeiro.
Minha avó por parte de pai morava na
Vila Formosa, local onde fica um dos maiores cemitérios da América Latina, e
onde a irmã da minha mãe está enterrada. Quando minha mãe ia visitar o seu
túmulo eu gostava de acompanhá-la, pois adorava andar entre os túmulos e
acender as velas apagadas pelo vento. Enquanto minha mãe rezava eu acendia as
velas, mas sempre olhava na direção a qual ela se encontrava para que eu
tivesse um ponto de referência e quando não encontrava mais nenhuma vela eu
voltava para a minha mãe.
Eu gostava de ir ao “trioo”,
traduzindo: eu queria ir para o interior de São Paulo, onde tinham as vacas, os
porcos, as árvores, e tinha espaço para brincar... Pela manha cedinho se sentia
o perfume de café torrado e moído na hora e o galo que cantava. Durante o
dia as tias que matavam as galinhas e
faziam as crianças irem para bem longe para não verem e não sentirem pena
depois as cozinhavam. Mas ruim mesmo era quando matava o porco, coitadinho de
longe se sentia os grunhidos do porquinho que sabia que ia morrer. Eu se via
matar não comia não.
Era bom ir tomar banho na cachoeira,
brincar com os primos, ver ordenhar as vacas, comer fruta direito do pé.
Quando morava na cidade Lider, em São
Paulo, frequentava a escolinha infantil onde eu adorava ir, adorava minha
professora, meus amigos. Minha mãe disse que eu nunca chorei para não ir a
escola, desde o primeiro dia de escola não tive problemas.
Na primeira série eu mudei
de escola, era simplesmente o portão ao lado. As escolas eram uma ao lado da
outra, dessa forma eu estudava na Escola Municipal de Ensino Fundamental e meu
irmão foi para a escola de series iniciais, no horário do intervalo eu pegava
meu lanche e levava para meu irmão, sempre nos encontrávamos através do muro
que dividia as duas escolas. O muro parecia cercas, mas de concreto e assim
dava para nos vermos e passar o meu lanche para ele.
Eu até os 8 anos era muito comunicativa, conversava e fazia amizade
fácil, uma vez a professora puxou meu cabelo disse que se eu não me calasse ela
me levaria para a direção, fiquei muito magoada com a reação a professora
naquele dia e segurei o choro.
A minha professora da primeira série não era muito amigável, eu pintei
um desenho bem bonito e dei de presente para a esta professora, depois de um
tempo eu fui apontar meu lápis e jogar o resto na lixeira, quando olhei para o
cesto de lixo lá estava meu desenho rasgado em 4 pedaços, a professora o tinha
jogado fora. Fiquei arrasada!
Quando eu tinha 8 anos, minha família se mudou para Brasília. Fomos
morar na casa do meu avô por parte de mãe, porque passávamos dificuldades
financeiras, e a cada três meses nossa
casa era roubada.
Brasília
Mudança de cidade, de cultura, de escola, não foi tão fácil para mim, em
São Paulo eu era muito comunicativa, mas em Brasília mudei, as pessoas e as
outras crianças zombavam do meu sotaque paulista e acabei retraindo-me, isolando-me.
Não tinha muitos amigos na escola. Eu estava com 9 anos.
Morávamos com meu avô materno, meu pai trabalhava com meus tios, imãos
da minha mãe, em uma lanchonete.
Fiz amizade com as crianças da vizinhança, brincávamos de casinha,
pulávamos corda e elástico, andávamos de bicicleta até a noite, andava tanto
que quando eu ia dormir, sentia minhas pernas pedalando.
Com uns 11 anos eu gostava de brincar também de professora, juntava as
crianças vizinhas e brincávamos de escolinha, portanto desde criança meu sonho
era ser professora. Aventurava-me até em ser professora de dança, ficávamos
ensaiando as músicas da Xuxa e das paquitas. Tive até o sonho de ser paquita,
fiz inscrição e mandei foto. Em festas de crianças eu sabia todas as
coreografias da Xuxa e fazia um showzinho. Foi época da lambada também, eu
dançava muito.
Minha maior dificuldade na escola era
com as disciplinas de exatas, minha mãe sempre tinha de pagar aulas
particulares e assim eu conseguia tirar boas notas nas provas. Eu gostava de história,
português, qualquer coisa que não tivesse números era mais interessante.
Valparaiso de Goiás
Meus pais compraram uma casa a 40km de Brasília em 1992, nos mudamos da
casa do meu avó materno.
Meu pai começou a trabalhar em uma empresa de turismo a qual se encontra
até hoje, a empresa foi desmembrada, mas meu pai continuou lá.
No ensino médio eu queria muito aprender inglês, adorava a professora de
inglês, foi quando surgiu meu interesse de fazer faculdade de Letras.
Como eu não gostava de matemática, eu fugia das aulas com umas amigas e
íamos a um córrego próximo fazer piquenique. Depois era o desespero para
estudar e poder passar de ano, porém eu passava. Nunca reprovei, sempre fui boa
aluna na escola, os professores só tinham elogios para meus pais.
Meu pai disse que eu só poderia começar a namorar com 14 anos, pois no
dia do meu aniversário de 14 anos arrumei um namorado. Durou uns três meses
depois o rapaz foi embora para o Sul do Brasil.
Terminei o ensino médio. Prestei meu primeiro vestibular para
Psicologia,, já que todos me desanimavam dizendo que ser professora era “muito
sofrimento”, “o salário era pouco”, se
“trabalha demais”. Não passei no
vestibular.
Minha madrinha arrumou um emprego para mim em um Hospital, comecei a
ajudar meus pais com as contas. Depois de um tempo trabalhando no hospital como
recepcionista resolvi fazer vestibular para Administração na Área Hospitalar. Passei! Meus
pais fizeram um churrasco para comemorar. Trabalhava das 8 as 18hs, acordava as
5 para poder aproveitar a carona no meu pai, às vezes eu descia do Valparaiso
para Brasilia com carro, pois ia ao trabalho e depois para a faculdade e
voltava para casa depois da meia noite. Quando eu estava no segundo semestre de
Administração Hospitalar resolvi trancar, não me identifiquei com o curso,
tinha muitos cálculos e Trabalhei no hospital de 1996 até 2002.
Por volta de 1999 comecei a ler as revistinhas da Seicho No Ie. Minha
avó materna, quando morava em São Paulo participou desta filosofia, minha mãe
também chegou a frequentar as reuniões.
Faculdade de Letras
Fiz então um novo vestibular para Letras e passei, entretanto, durou
pouco porque a faculdade não era reconhecida e não durou nem um semestre, perdi
dinheiro e tempo, minha mãe também tinha feito o vestibular para Filosofia.
Como muitos ficaram prejudicados, inclusive os professores que acreditaram ser
reconhecida a faculdade, estes se reuniram e decidiram eles abrirem uma
faculdade, mas dessa vez reconhecida pelo MEC e os alunos tiveram de fazer um
novo vestibular e quem era da outra faculdade que ficou prejudicado ganharam
bolsas de estudo. Minha mãe recepcionista
e cursou Filosofia e eu Letras.
Em 2001 iniciei o curso de Letras e também minha trajetória na filosofia
da Seicho No Ie, encontrei uma Associação Local na minha cidade e assim que cheguei já fui colocada para cuidar da
tesouraria da reunião dos jovens. Foi bem interessante como eu encontrei a AL,
eu estava passando uma fase muito dolorosa com relação a área sentimental e uma
noite eu pedi auxilio da minha tia que tinha falecido quando minha mãe estava
ainda grávida de mim, pois ela também frequentava a Seicho No Ie quanto viva.
Nesta noite senti um impulso e peguei o livrinho azul que tinha sido dela e o
li, era a Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade.
Logo depois eu querendo saber se tinha alguma Seicho No Ie na minha
cidade, procurava na revista e nada encontrava até que um dia eu e minha mãe
fomos ao centro da cidade e resolvemos comer pastel e tomar caldo de cana em
uma lanchonete, quando estávamos sentadas eu me virei e atrás de mim tinha um
prédio e em uma janela o símbolo e o nome Seicho No Ie e foi assim que comecei
a participar. Com certeza Deus fez-me conhecer esta filosofia e minha tia
também como um anjo fizeram com que eu encontrasse a Associação dos Jovens.
Período de muita aprendizagem tanto espiritual quanto intelectual. A
melhor fase da minha vida foi quando fiz faculdade de Letras, tive os melhores
professores do mundo, nossa turma também era a melhor, éramos esforçados,
dedicados, nos seminários dávamos o nosso melhor. O primeiro seminário que
apresentei com o meu grupo foi Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa, foi
inesquecível. Meu amigo achou um livro de xilografias que representavam cenas
do livro de Guimarães Rosa, ele comprou o livro tirou copia e fizemos um mural
com as imagens, pegamos um parede inteirinha com imagens A4.
Quando o professor entrou ficou encantado, depois em outra parte da sala
de aula colocamos objetos decorativos que representava o sertão, objetos de palha,
garrafa com cachaça, e comida típica. Eu fiz cartazes no computador e falei
sobre a linguagem, a cada tipo de linguagem eu com a ajuda de uma colega
colávamos no quadro negro o cartaz. Embora eu tenha ficado nervosa, suado
muito, tirei 10, foi um dos melhores seminários. Fora outros que apresentamos,
nos dos Lusíadas de Camões, levamos um barco para dentro da sala de aula e o
decoramos com as cores da bandeira de Portugal. Os nossos colegas que
apresentaram A Divina Comédia de Dante Alighieri também se empenharam, fizeram
toda uma encenação no escuro com poucas luzes, eles com máscaras quando
encenavam o Inferno, vestidos de branco no Paraíso, foi maravilhoso nos
sentíamos no teatro.
O professor de Literatura, o qual eu mais admirava, convidou-me para ser
monitora de Literatura, foi ótimo, aprendi muito, me esforcei muito. Este
professor, mesmo depois de sair da faculdade eu e meus colegas mandávamos
bilhetes para ele através de um outro professor que era amigo dele e sempre o
chamávamos de Querido e Amado Gilmário! Ele era muito cativante, não tinha quem
não se apaixonasse para matéria, dava para perceber que ele amava o que fazia.
Ele era muito humilde, falava com todos na faculdade desde o faxineiro aos
superiores, não é porque ele era mestre que se sentia superior. Eu e uma amiga
fomos à defesa da tese dele do Doutorado, ficamos na torcida e felizes por
poder compartilhar desse momento tão especial na vida dele.
E tivemos outros professores desde período que foram inesquecíveis.
No terceiro semestre de faculdade sai do Hospital e passei um período me
dedicando aos estudos. O período que cursei Letras, fiz boas amizades, aprendi
muito e sempre mantive meu ideal de ser professora, embora ainda não tivesse
concretizado.
Em 2002 iniciei a trabalhar como recepcionista e telefonista m uma escola
preparatória para vestibular, a qual depois de três anos faliu.
Quanto a Seicho No Ie, ao longo do tempo, fui presidente da Associação
Local dos jovens do Valparaiso – Goiás, todo ano viajava duas ou três vezes
para São Paulo rumo a Academia de Treinamento Espiritual de Ibiúna ou
Ibirapuera para a Convenção Nacional dos Jovens.
Itália
Em 2005, fim da faculdade, em vez de formatura, optei por viajar e parti
rumo a um sonho: conhecer a Itália, terra dos meus antepassados.
Antes de viajar pesquisei na internet a possibilidade de fazer um
intercâmbio, porém o que economizei não era suficiente para isso, decidi ir
como turista mesmo. Entrei em salas de bates-papos da Itália, troquei ideias,
informações, fiz amizades e entre essas amizades conheci um rapaz o qual tive
mais contato ao ponto de nos encontrarmos lá na Itália e eu passar o mês todo
em sua companhia. Viajamos para Florença, Roma, Milão, no segundo dia que eu
estava na Itália ele já me apresentou a mãe e no final do mês conheci toda a família, visto que fui a
um casamento de um primo dele. Fui muito bem acolhida pela sua família. Passei
apenas um mês na Itália, voltei radiante e no dia da minha colação de grau eu
brilhava. Voltei também porque eu estava trabalhando em uma escola como
recepcionista e minhas férias eram somente de um mês.
Passamos nove meses nos correspondendo, ele queria que eu voltasse para
lá e casar com ele, entretanto eu disse que retornaria com a condição dele vir
ao Brasil para conhecer minha família. Ele veio, ficou vinte dias aqui, foi bem
recebido pela minha família e fomos embora para a Itália levando os documentos
para nos casar.
Maio de 2006 fui morar na Itália e comecei minha nova vida em direção ao
amadurecimento. Em junho já comecei a trabalhar como garçonete, em julho nos
casamos no civil e meus sogros foram nossas testemunhas, contamos com a
presença do irmão do meu marido e a esposa com o filho deles que na época
estavam com quatro meses.
Junho, junho e agosto é verão na Itália período de muito trabalho,
muitos turistas, e grande transformação na minha vida.
E meu sonho de ser professora ficou adormecido por um tempo já que na
Itália trabalhei em outras áreas, em pizzeria, pub, bares, em shoppings como
promotora de algum produto e até panfletagem na rua.
As únicas vezes que consegui se
aproximar do meu ideal foi quando dava aulas particulares de português para
italianos ou quando pude ser mediadora cultural em duas escolas italianas, no
qual o trabalho consistia, em auxiliar uma criança e dois adolescentes
brasileiros, todos irmãos, a se adaptarem a cultura e língua italianas. Embora,
este trabalho também tenha sido temporário como todos, foi o que mais me
identifiquei e senti prazer em realizá-lo. Tornei-me amiga da família desses brasileirinhos
e sempre tenho notícias deles.
Estar no ambiente escolar sempre mexe com algo dentro de mim, na maioria
das vezes sinto-me despertar a criança existente no meu interior. Fiz cursos de
língua italiana e foi através de um desses cursos que meu professor de italiano
me indicou para trabalhar como mediadora cultural.
Para sintetizar a minha trajetória em 2008 fiz uma poesia, expressando
meus sentimentos. Adaptar-se em outro país nem sempre é fácil, ainda mais
quando tudo é tão diferente do idealizado, a saudade é enorme, posso dizer que
em alguns momentos perde-se a própria identidade. Eis aqui a minha poesia:
Eu Sou Tânia,
Aquela que chora,
Que ás vezes quer voltar para casa,
Mas minha casa é aqui agora.
Sou aquela que sorrí, das boas lembranças,
Das comédias da vida,
Das amigas,
Dos amigos,
Dos suspiros.
Eu sou Tânia.
Mais uma como tantas, lutando pela vida,
Caindo e levantando,
Se mostrando ou se escondendo dentro de uma concha por medo de crescer,
De ser mais forte,
Mais feliz.
Eu sou Tânia
A filha amada de Deus,
Da minha família, que os guarda dentro do coraçao.
Sou da terra,
Das nuvens,
Do sol e corro do frio.
Sou uma alma em um corpo de mulher que aprende todos os dias a ser
mulher,
Erra,
Acerta,
E conclui que a vida nem começou,
Porém se questiona:
O que fiz da vida,
O que tenho…
Sou Tânia
Aquela que se perde e se encontra nas poesias,
Nas flores,
Nas alegrias.
Sou aquela Tânia amiga,
A qual gosta de ajudar as
pessoas, mas ás vezes perde as forças,
Se entristesse e quer voltar para casa.
Eu sou Tânia
Com o coração cheio de saudade que só quem mora longe sabe,
Compreende as angústias,
As incertezas
E diversas estradas de um viajante.
Eu sou Tânia
Aquela que escolheu o amor,
Acreditou no amor e que tem dias que me enche de luz,
De força,
Mas tem dias que o amor è só amor.
Sou Tânia
Eu,
Só eu ,
Tania
E não sei quem sou.
(29/02/2008)
Na Itália tentei resgatar minha identidade, fazendo curso de italiano,
paguei um curso caríssimo de Tradutora, procurei estar mesmo que para estudar,
ficar presente em um ambiente escolar.
João Pessoa
Em dezembro de 2010 fomos para João Pessoa, aluguei uma casa porque
tínhamos um interesse de morar lá, eu e meu marido. O contrato do aluguel era
de um ano. Comecei a trabalhar em um
Hotel, com o auxilio de um amigo que me indicou no hotel. Poucos meses depois,
meu marido voltou para a Itália e eu fiquei só.
Em abril de 2011 iniciei uma pós-graduação a distância, meu irmão fez a
inscrição para mim e conseguiu um desconto e meu pai pagou para mim o curso.
Procurei a Seicho No Ie de João Pessoa e comecei a participar. Sai do
hotel e fui trabalhar em um restaurante no qual não adaptei-me e não deu certo
este emprego. Voltei para a Italia, trabalhei no verão por lá e em setembro
voltei para João Pessoa porque o contrato da casa que eu tinha alugado era para
um ano e terminava em dezembro. Antes de ir para a Itália paguei o aluguel
adiantado, tentei dividir o aluguel com dois rapazes, entretanto eles não me
ajudaram, deixaram todas as contas para eu pagar e ainda roubaram minhas
coisas, embora coisas sem valor como: travesseiros, abridor de vinho, rodo,
vassoura e outros objetos da casa.
Em dezembro de 2011 o contrato acabou, meus pais vieram a João Pessoa
passar férias e me levaram com eles, visto que eu estava desempregada e
sozinha. Meu irmão tinha vindo em novembro com a esposa passar 4 dias comigo e
convenceu-me de ir morar com meus pais novamente.
Em janeiro de 2012 participei do Seminário para Educadores em Ibiuna,
fiquei encantada com o seminário, foi maravilhoso ver educadores fazendo
grandes obras em suas escolas, ouvir relatos de grandes transformações na vida
pessoas, profissional e escolar depois de fazerem o curso da Educação da Vida.
Novamente meu marido fez eu voltar para a Italia, trabalhei no verão lá
e em setembro de 2012, quando terminou o verão retornei para a casa dos meus
pais. Sempre na esperança de que meu marido sentisse minha falta e resolvesse
vir embora para morar no Brasil.
Retorno ao Brasil
Terminei minha pós-graduação em Metodologia de Ensino da Língua
Portuguesa, passei no exame final, apesar de tantos empecilhos.
Voltei para o Valparaiso, lecionei italiano privadamente e fiz algumas
traduções. Bem, em fevereiro de 2013 comecei a lecionar em uma Escola Municipal
na cidade do Valparaiso- Goiás, onde meus pais moram. Participei de um processo
seletivo para o contrato temporário e lecionei 5 meses nesta escola, foi muito
bom. Tive dias de alegrias, dedicação, stress também, contudo estar com os alunos
foi uma experiência única. Meu marido teve até a oportunidade de participar de
uns dias de gincana e festa junina, ele se divertiu bastante e foi a novidade,
pois alguns alunos juntaram-se ao seu redor e lhe faziam várias perguntas, foi
muito engraçado.
Em setembro de 2013 fui chamada para substituir uma professora na escola
do Gama, também contrato temporário, porém, este de Brasília o qual eu passei
em segundo lugar para lecionar na zona rural, infelizmente, foi por um
curtíssimo tempo.
Desde 2010 tento retornar ao Brasil, mas meu marido não decidiu ainda,
mesmo este ano de 2013 ter dado entrada no visto para ficar no Brasil e ele ter
ficado cinco meses na casa dos meus pais, tem sempre algo que o leva de volta
para a Itália, ou problemas de família ou ele não sentir-se preparado para
ficar
Estou ao termine do curso da Educação da Vida, módulo I e estou
aprendendo muito, é ótimo poder trocar ideias com outros professores os quais
acreditam em uma educação de qualidade e que se esforçam em melhorar o ambiente
escolar, a vida de seus alunos, a auto-estima tanto própria quanto dos seus
alunos, os quais buscam o crescimento espiritual, profissional e familiar.
Muito Obrigada mestre Masaharu Taniguchi por ter deixado um ensinamento tão profundo e maravilhoso e que
incentiva-me a ser uma pessoa sempre melhor. Muito Obrigada aos caros colegas
da Seicho No Ie e do curso de Educação da Vida aqui em Brasília. Muito obrigada
a minha família, a prima Giselle, meus pais, irmão e marido os quais são meus
portos seguros, minha razão de viver. E não posso deixar de agradecer a minha
grande amiga Jucilene e a Preletora Leide Ribeiro de Castro, pois sempre
estiveram presentes na minha vida mesmo eu estando tão distante.
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