giovedì 5 aprile 2012

Amar - Carlos Drummond de Andrade

 
Amar
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
1960 - ANTOLOGIA POÉTICA

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?



Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este é o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


Amare


Che altro può una creatura,
tra le creature, amare?
amare e dimenticare,
amare e malamare,
amare, desamare, amare?
Sempre, e anche con gli occhi innamorati, amare?

Che altro può, domando, l'essere amorevole,
da solo, in rotazione universale, ma
girare anche e amare?
Amare quello che il mare porta alla spiaggia.,
quello che lui seppelische, e che nella brezza marina,
è sale, o precizione di amore, o semplice desiderio?

Amare solennemente le palme del deserto,
quello che è consegna o adorazione in attesa,
e amare l'inospitale o grezzo,
un vaso senza fiore, un terreno di ferro,
e il seno inerte, e la via guardada senza sogni, e uno uccello di rapace.

Questo é il nostro destino, amare senza tener conto, 
distribuito per le cose perfide o nulle,
donazione illimitata per una piena ingratitudine,
e nella conchiglia vuota dell'amore nella ricerca paurosa, 
paziente di piu e piu amore.

Amare la nostra mancanza stessa di amore, e nella
sechezza nostra
amare l' acqua implicita e il bacio tacito e la sete infinita.

(tradução: Tania Cristina Zonta)

1 commento:

  1. Drummond encanta. Nos bons tempos de Faculdade, exercitamos muito nosso amor e admiração por ele. Muito lindo este poema Tânia.

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